A Bolsa Sem Valores!


A especulação com o dinheiro, seja ela qual for, tem de se basear em alguma fonte de trabalho, que tenha a capacidade de sustentar o nível de rendimentos. Se não for nos indivíduos que trabalham no próprio pais, deverá ser baseada nos trabalhadores de uma outra região. Estou falando que qualquer quantidade de riqueza tem sua fonte em alguma atividade. Ora, se o nível de especulação aumentar muito, concomitantemente empobrecerá a outra ponta, que são os que trabalham; estes últimos destruídos acabarão por dizimar também os meios usados para gerar dinheiro com dinheiro – e todos perecerão simultaneamente, como está acontecendo agora. Por este motivo, o sistema capitalista está chegando rapidamente ao fim.


Um artigo de Paul Lewis publicado no The New York Times de 24 de fevereiro de 1987 diz o seguinte:

O acordo de hoje entre as seis nações em estabilizar o dólar e acelerar o crescimento da economia mundial pode não ser o suficiente para parar a queda do dólar na próximas semanas, segundo alguns especialistas e oficiais envolvidos nas conversações.

Notem a idéia invertida que jornalistas e economistas têm, de que o desenvolvimento de um país depende basicamente do dinheiro! A Europa devastada pela 2ª Guerra Mundial recuperou-se basicamente devido à operosidade de seus povos, e secundariamente pelo plano Marshall, que despejou lá bilhões de dólares; se não fosse assim, várias nações do “Terceiro Mundo” seriam hoje mais adiantadas do que o Japão, Alemanha, Inglaterra e França.

Adam Smith (1723 – 1790) é chamado de Pai do Capitalismo porque colocou a riqueza no valor de uso, tendo seu fundamento no consumo; ou melhor, no monetarismo ( na quantia de dinheiro que houvesse). David Ricard (1742 – 1823) incentivou mais ainda o capitalismo, dizendo que o lucro nem sempre era proporcional ao volume do capital utilizado desenvolvendo a idéia de se superestimar o capitalista. Jeremy Bentham (1748 – 1832) escreveu o livro, Defesa da Usura, dando total liberdade ao ser humano de usar como quisesse o dinheiro, dizendo que o homem era possuidor de uma bondade natural, ou melhor, que o capitalista certamente era um santo!

Karl Marx (1818 – 1883) dizia que a mercadoria é o tempo de trabalho necessário para a sua produção, passando a engendrar dinheiro esquecendo de dizer que o trabalho deve produzir outros benefícios (desenvolvimento pessoal, conscientização e até mesmo poder).

A idéia econômica mais perigosa para humanidade sempre foi a de viver sem trabalhar, usufruindo-se dos meios especulativos: taxas de juros, rendimentos de ações, ou dos privilégios de nascimento (nobreza, famílias ricas, burguesia). Tal estilo de existência é causador de uma alienação total do individuo – e assim como a nobreza e o clero perderam sua posição logo privilegiada, o capitalista entrou pelo mesmo erro, e logo perderá também a sua situação.
A revista The Economist fez uma relação dos melhores investimentos: moedas raras, cerâmica chinesa, selos, quadros de pintores antigos famosos, ações, títulos do tesouro, etc.
Este fato mostra a enorme perda de tempo que o ser humano tem em sua vida, e a conservação do velho espírito monetarista, que já não deu certo no passado. A ânsia para ganhar dinheiro provavelmente constitui a maior causa atual de tensão do ser humano – não só por ele em si, mas pelo significado que ele tem na vida em geral, pois tudo foi colocado na dependência do dinheiro. Assim sendo, podemos dizer que a economia está em mãos dos especuladores de toda ordem, que impedem o desenvolvimento da humanidade.

Aquele que possui poder econômico está em condições de comandar os aspectos da vida social, porque se tornou um indivíduo de especulação – agindo assim, com a finalidade de galgar o poder. O dinheiro em si é bom; o perigo é o estímulo causado por ele, que em excesso garante ao indivíduo poderes de manipular fatores que deveriam ser resolvidos coletivamente.

Autor: André Zanardo

Postagens mais visitadas